
Nesta coluna, novamente agradecendo pela participação e a interação dos nossos queridos leitores, vamos responder algumas dúvidas que nos foram enviadas, especificamente sobre os conceitos de Educação Empreendedora (EE), Intenção Empreendedora (IE) e o impacto destas na sociedade e na economia.
Bom, vamos lá.
Muito se tem falado sobre a Educação Empreendedora, Intenção Empreendedora e como estas acabam por refletir na economia, no desenvolvimento socioeconômico, geração de empregos, arrecadação tributária, dentre outros pontos (EE) e a sua importância para a sociedade.

De início, devemos ter a consciência de que a UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), órgão da ONU que trata de comércio, desenvolvimento, finanças, tecnologia, investimento e sustentabilidade, destaca que a Educação para o Empreendedorismo e ou Educação Empreendedora é essencial para o desenvolvimento econômico e social, seja regional, estadual ou de uma nação, pois, não apenas no Brasil, mas em diversos países do mundo, está sendo entendida como prioritária nas agendas e debates políticos, econômicos e acadêmicos, incluindo os mais altos níveis de discussão das Nações Unidas.
Adianta-se que a Educação Empreendedora quando bem planejada, tende a proporcionar, de um lado, aos estudantes, a aquisição de capacidades e competências empreendedora, possibilitando conhecimento, habilidades e motivação para impulsionar o sucesso empresarial e, de outro lado, a melhoria nas condições de vida da população, gerando valor econômico, social e ambiental, cita a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), realizando isso por meio da criação de produtos, serviços ou soluções que atendam às necessidades do mercado e gerem lucro e impacto positivo, como criação de empregos, redução de desigualdades, inserção no mercado de trabalho e arrecadação para os governos, explica a University World News, publicação global sobre o Ensino Superior.
Entendida a importância do assunto, de forma simples, a Educação Empreendedora (EE) pode ser vista como sendo todo e qualquer esforço e ou abordagem pedagógica realizada por uma Instituição de Ensino que visa desenvolver nos discentes (estudantes) habilidades, mentalidades e competências necessárias para identificar oportunidades, criar soluções inovadoras e transformar ideias em ações concretas, seja na abertura de novos negócios, gestão de projetos ou na atuação como empregado dentro das empresas.

Importante citar que, mais do que ensinar técnicas de gestão, a Educação Empreendedora estimula o pensamento crítico, a criatividade, a resiliência e a capacidade de assumir riscos calculados, preparando indivíduos para os desafios dinâmicos do mercado, pois, ao integrar teoria e prática, a educação empreendedora não só forma futuros empresários, mas também cidadãos proativos, capazes de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico de suas comunidades.
E a Intenção Empreendedora (IE)?
Importante área de estudo da Psicologia e Comportamento Humano, assim como nos estudos da área do empreendedorismo, a Intenção Empreendedora (IE) diz respeito à disposição cognitiva e motivacional de um indivíduo para iniciar um novo negócio ou projeto inovador, mas vai além de uma simples ideia ou desejo, engloba o compromisso mental, o esforço planejado e executado, com método, de transformar oportunidades em ações concretas, influenciada por fatores como autoconfiança, percepção de viabilidade, atitude em relação ao risco, contexto socioeconômico e, claro, da Educação Empreendedora (EE) recebida.

E, como a Educação Empreendedora (EE) e a Intenção Empreendedora (IE) estão relacionadas?
De forma geral, a Educação Empreendedora, em especial a fornecida no nível universitário, pelas Instituições de Ensino Superior (IES), se constitui como fator primordial para os empreendedores de sucesso, não apenas fornecendo conteúdo técnico, mas, ensinando atitudes e comportamentos como proatividade, planejamento, dentre outros, pois fornece direcionamento positivo para o futuro empreendedor quanto a questões de criatividade, inovação, pensamento ágil, negociação e resolução de problemas, dentre outros, mas não apenas para novos empreendimentos e ou novos empreendedores, como para os atuais negócios e para aqueles que são proprietários ou empregados.
Mas, como se dá essa relação entre a Educação Empreendedora e a Intenção Empreendedora nas Instituições de Ensino Superior (IES)? Como acontece, quais são os dados e a importância?

Pesquisas realizadas em diversos países, por inúmeras instituições e/ou pesquisadores, como este colunista, identificam e comprovam que a chance de aumento da vontade de empreender (Intenção Empreendedora) e a consequente melhoria do comportamento/atitude empreendedora, é aumentada em quase 40% quando despertada de forma efetiva nas Instituições de Ensino Superior quando do recebimento da Educação Empreendedora nos cursos.
Além deste impressionante número, no aspecto quantitativo, existe uma chave de leitura qualitativa, pois a Educação Empreendedora não diz respeito apenas ao despertar e instrumentalizar para práticas de abertura de novos negócios, mas também de melhorar pessoas, processos e negócios já existentes e o efeito disto na sociedade, tecnologia, ciência, economia, enfim, na sociedade como um todo.
Ou seja, a relação entre a EE e IE, promovida pelas Instituições de Ensino Superior (IES), vai além de despertar e manter o interesse dos estudantes pelo empreendedorismo e pela criação de negócios, deve, igualmente, incluir métodos, posturas e competências voltadas para a ação e o relacionamento com pessoas e sociedades, com um olhar voltado para o impacto social e a melhoria da nossa sociedade, constituindo-se em um pilar, uma força motriz econômica e de transformação da realidade.

A Unesco incentiva as práticas de Educação Empreendedora, pois estas estão alinhadas com seu programa de Educação do Século XXI, como, por exemplo, nos aspectos de aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver, aprender a recomeçar e aprender a ser.
A questão do envelhecimento da população reforça ainda mais a relevância do estudo e do aperfeiçoamento da Educação Empreendedora como despertar e ou instrumentalizar da Intenção Empreendedora, pois a longevidade populacional acarreta na necessidade de abertura de novos empreendimentos para acolher esta crescente faixa populacional.

Neste sentido, cabe à Educação Empreendedora (EE) provocar, despertar e ou operacionalizar a Intenção Empreendedora (IE), seja no desejo de abrir novos negócios e ou também de melhorar os atuais, mas, da mesma forma, em melhorar a performance das pessoas e das organizações.
Precisa também criar a consciência de que os negócios empresariais precisam ir além da geração de arrecadação tributária e da criação de postos de trabalho, que auxiliam na redução de desigualdades, inserção de pessoas no mercado de trabalho e na melhoria do acesso a melhores produtos e serviços para a sociedade, mas, e, também, em espaços de trabalho em que as pessoas possam encontrar, por meio da busca do autoconhecimento, da constante melhoria pessoal, da superação de desafios e do aprendizado contínuo, a satisfação pessoal, alicerçadas no desenvolvimento de relações pessoais e profissionais saudáveis, tornando o ato de trabalhar, um dos pilares da vida segundo a ONU, em uma atividade que, ao invés de adoecer pessoas, possa ajuda-las na busca da autorrealização (felicidade).

Até a próxima coluna!