Coluna 12_ 06/05/2025
” POR AÍ, CONTANDO HISTÓRIAS…”
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No último fim de semana, dia 3, o Brasil parou para assistir a um verdadeiro espetáculo: Lady Gaga no palco do Rio de Janeiro. Mais do que luzes, figurinos excêntricos e músicas que embalam gerações, o show foi um marco cultural. E quando falo de cultura, não me refiro apenas à música pop. Falo de identidade, de pertencimento, de impacto social e econômico. Falo da potência que um evento artístico tem de mover uma cidade – ou um país inteiro.
Enquanto multidões se reuniam na orla carioca, algo ficou claro: a cultura conecta. Gente de todos os cantos, tribos, estilos, idades. Um momento coletivo de celebração da arte, da liberdade de expressão, da diversidade. E se isso acontece no Rio de Janeiro, por que não poderia acontecer aqui, em Criciúma ou em qualquer cidade do Sul?
A cultura, quando valorizada, movimenta a economia, o turismo, o comércio local. Enche hotéis, lota restaurantes, aquece o mercado informal. Mas seu impacto vai além do financeiro: ela toca subjetividades. Ela forma cidadãos mais críticos, empáticos e criativos. Ela mostra para o jovem de periferia que é possível sonhar. E realizar.
Em Criciúma e região, temos sim boas iniciativas culturais. A Feira do Livro, o Festival de Teatro Revirado, os encontros promovidos pelo Sesc, as manifestações da cultura popular açoriana. Mas sejamos francos: ainda é pouco. Pouco incentivo, pouca divulgação, pouca continuidade. Falta vontade política, falta investimento. E, às vezes, falta também interesse coletivo – porque ainda há quem veja cultura como gasto, e não como investimento.
A arte precisa deixar de ser vista como algo secundário. Ela deve estar no centro das nossas preocupações sociais. Precisamos de mais centros culturais, mais oficinas nas escolas, mais espaços para artistas locais se apresentarem, mais editais acessíveis e menos burocracia para quem quer criar. Precisamos de mais voz.
O show da Lady Gaga foi um lembrete poderoso de que a arte pode – e deve – ocupar espaços públicos. E que todos merecem acesso a ela. Que tal pensarmos em como trazer essa vibração para Criciúma? Talvez não com megaestruturas internacionais, mas com festivais regionais, eventos comunitários, música na praça, literatura nas escolas. Porque quando a cultura floresce, toda a cidade cresce com ela.
O Sul tem talento, tem história, tem potencial. Só falta dar palco. E quem sabe, um dia, os holofotes também brilhem com a mesma intensidade por aqui.
”O conteúdo publicado neste espaço é de inteira responsabilidade deste autor”.
Caroline Henriques, acadêmica de jornalismo, leitora crítica e escritora.
Foto: Na Telinha/UOL.