Pesquisa pode transformar passivo ambiental em nova economia

No dia mundial da Água, estudo do Centro tecnológico SATC (CT SATC), destaca inovação que tem potencial para recuperação de áreas impactadas e viabiliza a extração de Elementos Terras Raras.

Envoltos nas discussões de paz na Ucrânia, os Elementos Terras Raras ganharam notoriedade. São 17 elementos químicos que podem ser utilizados na produção de baterias, catalisadores, telas de smartphones, turbinas eólicas, entre outros.

No Sul catarinense, esse tema não é novidade. Já que desde 2022, o Centro Tecnológico SATC realiza um estudo sobre Terras Raras. A pesquisa tem o potencial de ser um “divisor de águas” quanto a recuperação ambiental e a criação de uma nova economia.

Com o fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), a pesquisa consiste em retirar os Elementos Terras Raras das Drenagens Ácidas de Minas (DAM). “Tem o potencial de auxiliar na melhora das águas com DAM e gerar um valor econômico que, também, pode financiar a recuperação ambiental”, destaca pró-reitor de Ensino e Inovação do CT SATC, Luciano Bilessimo.

Durante o processo de separação dos minerais, a água acaba sendo filtrada. “Estivemos nos Estados Unidos visitando uma planta piloto que já está funcionando e tivemos a oportunidade de observar essa transformação da água, que era laranja para uma água limpa”, lembra a pesquisadora do CT Satc, Vanessa Olivo Viola.

Foram realizados os levantamentos de 20 áreas de DAM em seis municípios. Desta forma, foram identificados pontos em que seria viável a retirada dos Elementos Terras Raras. “Temos vários locais com possibilidade de extração das Terras Raras. Identificamos que a nossa região tem, realmente, um grande potencial”, afirma Luciano.

Para aprofundar os estudos, os pesquisadores concentraram a coleta de amostras em um ponto em Siderópolis. Foram realizados diversos testes com uma quantidade pequena de água no CT Satc e os resultados são promissores.

“Identificamos que para cada 18 litros de água é possível retirarmos 30 gramas de um concentrado rico em ferro e 1 grama de um pré-concentrado Terras Raras. O concentrado de ferro, também tem um potencial de venda e entra, posteriormente, na viabilidade econômica da extração. A ideia seria comercializar esses Elementos Terras Raras brutos em formato de um mix para que a indústria realize a separação e beneficiamento dos minerais”, explica Vanessa.

Planta piloto e parceria com o Cetem

Para dar sequência ao trabalho realizado, o CT SATC fechou uma parceria com o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), no Rio de Janeiro (RJ). Desta forma, a ideia é filtrar cerca de 200 m³ de água para a retirada do material concentrado e enviar esse material para a separação dos Elementos Terras Raras no Centro.

“Estamos construindo uma planta piloto bem simples com tanques de 15 mil litros, ao invés de baldes pequenos. Estamos testando a forma de filtrar, porque cada tanque desse vai produzir muito material”, ressalta Vanessa. “Hoje temos a proporção de DAM necessário para gerar as Terras Raras, só que em uma escala pequena. Temos que aumentar isso para ver os resultados”, completa.

A ideia é viabilizar, no futuro, uma planta piloto de extração dos Elementos Terras Raras em larga escala na região.

“A pesquisa envolvendo a obtenção de Elementos Terras Raras a partir de passivos ambientais, tem dupla importância para a Transição Energética Justa. Porque se por um lado auxilia na recuperação ambiental, por outro lado ainda disponibiliza minerais críticos e estratégicos que estão sendo muito demandados atualmente. Os resultados obtidos até o momento nos mostram um cenário positivo no futuro e com grande potencial econômico. Tendo em vista que o cuidado ambiental é um dos pilares do nosso setor e a pesquisa favorece duplamente a transição energética”, finaliza o diretor técnico do Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina (Siecesc-Carvão+), Marcio Zanuz.

FOTO: Divulgação.

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