JUROS EM ALTA, ATÉ ONDE?

O COPOM – Comitê de Política Monetária do Banco Central, reunido em conclave nesta semana em Brasília, resolveu elevar a SELIC – Taxa Básica de Juros do Brasil para 14,75% ao ano, somente alcançada em 2006, ou seja, a quase 10 anos atrás. Apesar disso há sinais deixados pelo mesmo Conselho que a partir do próximo bimestre a tendência é a de que possa haver uma inversão da sequência e seja possível a manutenção ou a redução da taxa, desde que a inflação demonstre comportamento adequado.

A SELIC ou taxa referencial de juros, como muitos preferem chamar, é a principal arma do governo no combate a perspectiva de alta dos preços na economia. Explicando melhor, na teoria econômica, os juros são uma variável de alta influência sobre o comportamento dos preços, uma vez que os consumidores e os investidores utilizam dinheiro emprestado do mercado financeiro para adquirir produtos, para o consumo como eletrodomésticos, automóveis, imóveis, etc, ou para investimentos como máquinas, equipamentos, caminhões, tratores, pavilhões industriais, etc, gerando uma pressão na demanda de toda a economia e por consequência, alta nos preços; Com o aumento das taxas de juros, presupõe-se que tanto consumidores como investidores tomarão a decisão de postergar essas compras e esfriar a demanda, gerando uma tendência de queda dos preços.

No Brasil históricamente as taxas de juros sempre foram altas em realção as economias estáveis e mais sólidas ao redor do planeta, dificultando a entrada de capitais estrangeiros, que preferem mercados mais seguros e com menores oscilações no mercado financeiro, uma vez que mudanças bruscas na política monetária sempre levam a desequilíbrios estruturais, interferindo no processo de crescimento da economia, provocando dificuldades no cumprimento de metas e alcance dos resultados projetados.

O mais interessante nesse momento é que o atual governo não é adepto de altas taxas de juros, aliás vinha criticando publicamente o ex presidente do Banco Central, nomeado pelo governo anterior, pelas altas taxas em vigor, mas ao término do mandato do presidente antarior, nomeou o atual presidente que não só vem mantendo a mesma política monetária, como vem adotando medidas ainda mais ortodoxas em relação aos juros, ou seja, admitiu que o presidente anterior estava no caminho certo.

Afirmamos em oportunidades anteriores o que continuo acreditando, que a inflação no Brasil não é uma ameaça a estabilidade econômica, pelo menos ao analisarmos o ambiente monetário atual, ou as variáveis relativas ao dinheiro. Tenho dito que os riscos do Brasil hoje no quesito inflação estão nas questões relacionadas ao desempenho orçamentário do próprio governo, que gasta mais do que arrecada, principalmente no excesso de programas sociais, aqueles denominados “bolsas”, que geram uma demanda sem contrapartida, ou seja, cria-se consumo sem que haja produção, já que esses programas são mantidos em regime de doação. Explicando melhor, a toda renda criada pressupõe-se a geração de um produto, e quando o estado doa renda sem contrapartida, a uma camada da população, haverá consumo sem produto, elevando automaticamente os preços, aí não há taxas de juros que sustente, ou seja os juros serão vilões, mas a culpa está em outro departamento.

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