Dia da Educação: 28 de Abril

Um grito por Educação, não um motivo para festa, devíamos parar de fingir que está tudo bem.

Em meio às datas comemorativas que enfeitam o calendário com boas intenções, no último dia 28 de abril, comemoramos o Dia da Educação e que nos convida a uma pausa. Uma pausa não para a festa, mas para o incômodo. Porque, quando falamos de educação no Brasil e em tantos outros países, a celebração ainda soa prematura, quase ingênua. Trata-se de uma data que, teoricamente, deveria ser marcada por conquistas, avanços e esperanças renovadas. Mas, sinceramente, o que temos a comemorar?

O que dizer de um país que precisa criar programas financeiros para manter adolescentes na escola? Que ainda debate o básico da alfabetização em pleno século XXI? Que transfere para os ombros dos professores a responsabilidade de sanar mazelas sociais, sem oferecer suporte emocional, técnico ou financeiro?

A realidade que presenciamos não condiz com os discursos oficiais. Nossos professores seguem adoecidos, nossos alunos, desmotivados. As escolas públicas sobretudo nas periferias tentam sobreviver entre o ideal pedagógico e o caos cotidiano. E até as escolas particulares se veem reféns da lógica mercadológica, pressionadas a manter matrículas a qualquer custo. A educação de qualidade ainda é, na prática, um sonho distante para milhões.

Enquanto isso, discursos prontos falam de “avanços”, de “tecnologia em sala de aula”, de “inclusão”. Mas a pergunta que ecoa nas salas dos professores, nos corredores das escolas e nos lares das famílias brasileiras é uma só: por que ainda não conseguimos garantir o básico?

Celebrar o Dia Mundial da Educação sem reconhecer a desigualdade escancarada é compactuar com a injustiça. Este dia precisa deixar de ser uma formalidade para se tornar um momento de denúncia, de mobilização e, principalmente, de compromisso real com mudanças profundas.

Não, não é hora de comemorar. É hora de reconhecer que a educação brasileira está em estado de urgência. E, se existe algo a ser celebrado na data de 28 de abril, que seja o grito coletivo por transformação. Afinal, a celebração só é legítima quando vem acompanhada de conquistas concretas. Até lá, que este dia sirva como denúncia da negligência e como convocação à luta por uma escola verdadeiramente pública, democrática, inclusiva e libertadora.

Foto: Freepik: Design e IA

4 Comentários

  • Preletora Iracema

    Um texto forte e necessário. Ele rompe com o discurso fácil das “comemorações” e convida à reflexão sobre a dura realidade da educação no Brasil. Em vez de festa, propõe urgência e compromisso — porque celebrar sem avanços reais é fechar os olhos para a desigualdade que ainda grita nas salas de aula.

  • Sani

    Jaque, parabéns pelo texto lúcido e corajoso. Sua coluna traduz em palavras o incômodo que muitos de nós sentimos, mas que poucos verbalizam com tanta clareza. Que esse grito por educação ecoe e inspire mobilização. Que venham mais vozes como a sua!!!

  • Simonia Pereira

    Diante dessa escrita que por sinal é cirúrgica para as nossas vidas, precisamos realmente pensar sobre tudo que envolve a educação desse país, onde os valores estão se perdendo, começado pelo respeito ao professor.
    Dentro desse ponto é triste você saber que existe uma constituição que te dá tantos direitos a começar pela educação e que o mesmo sistema que cria, não mantém a lei.
    É urgente que algo seja realizado pela nossa educação, pensando aí na geração de hoje e da futura.
    Parabéns Jaqueline, sempre muito sabia nas suas reflexões.

  • Rainor

    Parabéns, Jaque. Mto oportuno está questão, e vc brilhantemente consegue passar, realmente a realidade!
    Perfeito!

  • Nilton

    Parabéns mais uma vez pela belíssima matéria!
    Penso exatamente igual, o que nós temos a comemorar?
    A educação infelizmente está longe de ser o ideal para as nossas crianças e jovens , precisa melhorar muito ainda.
    Infelizmente o nosso país não dá o devido valor aos educadores, a começar pelos salários, e uma infraestrutura nas escolas que não se tem condições de ministrar uma aula.
    Precisa haver incentivo para que o aluno queira estar em sala de aula, e não digo em dinheiro, e sim em motivação para prender a atenção deles.
    Brasil precisa e muito dar mais atenção a educação.

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