Mario Vargas Lhosa, em sua biblioteca em Madri.
FOTO: Silvia P. Cabeza
Coluna 08_ 11/04/2025
” POR AÍ, CONTANDO HISTÓRIAS…”
INSTAGRAM: https://www.instagram.com/livroteca.com.cha?igsh=MThnZHVrdnBuZTNybA==
FACEBOOK:
https://www.facebook.com/share/17fShwCiLY/
YOUTUBE:
https://www.youtube.com/@livroteca.comcha
No último domingo, o mundo literário se despediu de Mario Vargas Llosa, uma das vozes mais potentes da literatura contemporânea. O escritor peruano, que ganhou o Nobel de Literatura em 2010, deixa um legado que atravessa fronteiras, desafiou regimes e moldou o pensamento literário e político do século XX e início do XXI.
Vargas Llosa foi um dos principais nomes do chamado “boom latino-americano”, ao lado de autores como Gabriel García Márquez, Julio Cortázar e Carlos Fuentes. Ainda que partilhassem o palco, os bastidores nem sempre foram pacíficos. O desentendimento com García Márquez é lendário — marcado por um famoso soco e um silêncio mútuo que jamais foi desfeito. Entre egos inflamados e visões políticas opostas (Llosa caminhando para a direita liberal e García Márquez sendo próximo de Fidel Castro), o episódio também evidenciou como esses autores eram, antes de tudo, humanos, intensos e profundamente apaixonados por suas ideias.
Autor de obras emblemáticas como A Cidade e os Cachorros, Conversa na Catedral, Tia Julia e o Escrevinhador e A Guerra do Fim do Mundo, Llosa foi um crítico voraz da ditadura, da hipocrisia social e dos desmandos políticos da América Latina. Seus textos são densos, suas narrativas muitas vezes não lineares, seus personagens complexos — como se cada livro fosse também uma forma de discutir a liberdade, o poder e a condição humana.
Além de romancista, foi ensaísta, crítico literário, jornalista e até candidato à presidência do Peru. A política, aliás, sempre esteve em seu horizonte, seja como temática de seus livros ou como presença direta em sua trajetória. Amado e contestado, nunca foi um autor de meias palavras.
A morte de Vargas Llosa marca o fim de uma era. Com ele, vai-se não apenas um escritor, mas um pensador inquieto, que fez da literatura uma arma contra o autoritarismo e um espelho da nossa história. Resta-nos agora reler suas obras, redescobrir suas críticas, refletir sobre seus embates e manter acesa a chama de sua contribuição inestimável para a literatura mundial.
”O conteúdo publicado neste espaço é de inteira responsabilidade deste autor”.
Caroline Henriques, acadêmica de jornalismo, leitora crítica e escritora.