Educação a Distância: Avanço com Responsabilidade

O Ministério da Educação apresentou nesta semana a nova Política de Educação a Distância (EaD), por meio do Decreto nº 12.456/2025. A proposta busca ampliar o acesso ao ensino superior com mais qualidade e organização um avanço relevante para quem enfrenta barreiras de tempo, distância ou recursos.

Mas, ao falarmos de educação, sobretudo no Brasil, é preciso perguntar: acesso com qualidade para quem? E sob quais condições?

As novas diretrizes reconhecem que cursos como Medicina, Psicologia, Enfermagem, Direito e Odontologia devem permanecer presenciais. Uma escolha acertada: formar profissionais que lidam com vidas exige experiência prática, contato humano e vivência real não apenas vídeos ou plataformas.

O decreto também reformula os formatos: presenciais com até 30% EaD; semipresenciais com no mínimo 30% de aulas físicas e 20% síncronas; e a EaD com ao menos 20% de atividades presenciais ou síncronas, incluindo provas presenciais. A ênfase na mediação pedagógica resgata o papel do educador,  mais do que um tutor, um verdadeiro agente de formação.

Reforçando: a educação acontece no conteúdo, sim, mas principalmente na relação. Vínculos com professores, colegas e o ambiente acadêmico são cruciais para o amadurecimento do aluno. O desafio da EaD é garantir essa presença afetiva, mesmo no virtual e isso exige estrutura, acompanhamento e intenção pedagógica.

A EaD não pode ser um atalho para formar profissionais despreparados. É preciso coragem para perguntar: que tipo de profissional estamos formando nessa velocidade? Em alguns cursos, a autonomia funciona; em outros, a falta de prática compromete a qualidade e, potencialmente, vidas.

Sabemos que há histórias inspiradoras de superação na EaD. Mas celebrar o acesso não pode significar renunciar à responsabilidade. Formação superficial, rápida e distante é prejuízo para todos: alunos, mercado e sociedade.

Expandir a EaD é necessário desde que a qualidade seja inegociável. Que essa política seja mais que um decreto: um compromisso ético com a formação humana e profissional que o Brasil merece.

Foto: Portal do Franchising

1 Comentário

  • Angel

    Como mãe, acredito que tudo também depende de quem está do outro lado da tela. Se o aluno realmente quer aprender, se tem disciplina e apoio, a EaD pode sim funcionar muito bem. Mas é preciso estrutura, bons professores e, principalmente, vontade de estudar. A tecnologia ajuda, mas não faz milagre , é o esforço de cada um que faz a diferença.

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