CÃOTIDIANO

                        Rosane Machado de Andrade

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A MARGINALIZAÇÃO DOS CÃES EM SITUAÇÃO DE RUA

 NAS CLÍNICAS VETERINÁRIAS

            Cães em situação de rua enfrentam desafios diários para sobreviver, e quando precisam de atendimento veterinário, encontram mais uma barreira: a indiferença. Sem um tutor que responda por eles, muitas vezes são ignorados ou tratados como um problema secundário.

            Passei por isso de forma cruel ao levar uma cachorrinha atropelada para uma clínica renomada. Ela havia passado dois dias ao relento, machucada e vulnerável, e precisava de uma cirurgia urgente. No entanto, a única preocupação do cirurgião foi garantir o pagamento imediato—ali, não havia “SUS” para cães sem lar. A revolta foi imediata: sei que os profissionais devem ser remunerados, mas estamos falando de uma vida. O dinheiro deve realmente ser o fator decisivo entre salvar ou deixar morrer?

            Infelizmente, muitos cães atropelados em vias públicas enfrentam o mesmo destino. Algumas pessoas simplesmente os deixam agonizar até a morte, enquanto outras buscam o atendimento mais barato possível—e muitas vezes, o barato sai caro. Clínicas que cobram menos podem oferecer serviços de qualidade inferior ou minimizar o tratamento apenas para cumprir a obrigação, sem se preocupar com a recuperação do animal. A falta de um tutor significa, para muitos profissionais, que aquele paciente não merece o mesmo cuidado que um cachorro de família. E essa lógica, além de cruel, perpetua o abandono e o sofrimento.

            A marginalização veterinária desses animais não pode ser normalizada. Felizmente, algumas ONGs e clínicas solidárias vêm tentando mudar esse cenário, oferecendo atendimento gratuito ou de baixo custo. Mas ainda há muito a ser feito. Precisamos cobrar mudanças, exigir políticas de proteção e garantir que cães em situação de rua tenham direito ao cuidado veterinário. Porque cada vida importa—com ou sem um tutor.

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