Coluna 13_ 13/05/2025
” POR AÍ, CONTANDO HISTÓRIAS…”
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O Dia das Mães passou. As vitrines voltaram ao normal, os anúncios cessaram e as floriculturas desaceleraram o ritmo. Em muitas casas, houve almoço caprichado, abraços apertados, lembrancinhas com bilhetes e um esforço coletivo para demonstrar afeto. Mas, passada a data, fica a pergunta: o que restou depois do pacote de presente?
Todos os anos, a mesma engrenagem gira: propagandas emocionantes, filas em lojas e aquele velho discurso de que “mãe merece tudo”. E merece mesmo. Só que, muitas vezes, esse “tudo” tem sido reduzido a algo que cabe numa sacola. É curioso como o mercado consegue traduzir sentimentos em produtos e convencer tanta gente de que afeto tem código de barras. Claro que não há problema em dar presentes — o gesto pode vir cheio de carinho. Mas também é verdade que, em alguns casos, eles surgem para encobrir a ausência de conversas, de tempo, de escuta. O que as mães mais precisam, talvez, não esteja à venda: acolhimento, reconhecimento, descanso, atenção genuína.
E para além do discurso pronto sobre mães guerreiras, fortes, incansáveis — muitas vezes romantizadas em sua exaustão — há mulheres reais. Que sentem cansaço, que enfrentam solidão, que também precisam de colo. Algumas nem receberam uma mensagem no domingo. Outras, preferiram o silêncio. Muitas, sorriram com olhos cansados, aceitando o presente com a educação de sempre.
A data passou, mas a reflexão pode (e deve) continuar. O afeto verdadeiro não se limita ao calendário — e o cuidado com quem cuida precisa durar o ano inteiro.
”O conteúdo publicado neste espaço é de inteira responsabilidade deste autor”.
Caroline Henriques, acadêmica de jornalismo, leitora crítica e escritora.