PESSOAS IDOSAS PELO MUNDO

Coluna 10 – 07/05/2025

De Repente 60+

@jusmondardo / email: [email protected]

Viajando pela América do Norte

Estive recentemente em uma viagem ao Canadá, América do Norte, na cidade de Quebec, situada na parte leste do país. Durante os passeios, sentada em uma tarde chuvosa em um pub local, eis que entra uma senhora, senta ao meu lado e pedi uma bebida.

Primeiramente, estava observando-a devido a dificuldade que a mesma estava apresentando com o uso do celular, pois para fazer seu pedido de comida, precisava utilizar o aparelho móvel e abrir o menu digital, essa situação me chamou a atenção, pensando: “bom, os idosos em países desenvolvidos também apresentam dificuldades para lidar com os eletrônicos e novas tecnologias”.

Foi onde muito prontamente e gentilmente, o rapaz que estava no bar, utilizou do seu próprio aparelho, abriu o menu e entregou a ela para escolher o que comer. Esta mulher, olhou, olhou, leu, mas por fim não pediu nada, apenas uma bebida. E ali ficou sentada, ao meu lado. Até, que começamos a conversar.

A idosa, se chama Claire, tem 75 anos de idade, é moradora da cidade de Chicago, nos Estados Unidos, e estava viajando sozinha. Eu, com 40 anos, moradora do extremo sul catarinense, também estava viajando sozinha. Ali, se criou uma grande conexão e a conversa fluiu levemente.

Claire, não teve filhos, mora com sua cachorrinha, e disse que esperou muito tempo para tomar a decisão de viver, de viajar, de explorar o mundo, sozinha. Me mostrou fotos da sua pet, que estava na casa da irmã, quem estava cuidando, para que ela conseguisse fazer a viagem tão esperada e sonhada tranquila.

Ela já havia passado pela cidade de Montreal, Canadá, sendo que seria meu próximo destino na viagem, então Claire, muito contente, foi me mostrar as fotos e me dar dicas sobre sua passada no local. Me mostrou vários locais lindos, mas percebi que não havia fotos dela, e perguntei, mas cadê você nas fotos? E ela disse, não não não, pasmem, ela não sabia fazer selfie, não sabia virar a câmera do celular para ela mesmo, quando eu mostrei, ensinando-a, ela disse: Você fez mágica?!

Nisso, mostrei para ela, que eu viajando sozinha utilizo o bastão de selfie para conseguir realizar as fotos, retirando o mesmo da bolsa, onde ela ficou surpresa e disse que eu já era profissional. Convidei para realizar esta linda foto nossa, e ela também fez uma selfie pelo aparelho dela, que havia aprendido naquele momento.

Cheias de sorrisos, falei sobre minha profissão, e que fiquei encantada e admirada com a alegria e disposição dela, e se poderia explanar sobre nosso encontro e conversa, e ela concordou. Comentei que ela era inspiração, para idosos, para mulheres, para todos, que independente da idade, independente do país, podemos viver, podemos nos aventurar. Ela comentou, agradecendo, que tem consciência que muitos nessa idade já apresentam dependências, sendo ela privilegiada em estar bem.

Finalizamos nossa conversa, eu agradecendo nosso encontro, nossa conversa, e a autorização dela em poder falar sobre a sua história, e que estava lisonjeada e inspirada em encontrar uma outra mulher, com mais idade, viajando sozinha, ela retribuiu, dizendo que era muito bom ver uma outra mulher mais jovem viajando sozinha. Comentei que até um tempo atrás isso seria visto como loucura, e ela rindo e terminando seu drink, disse: Loucura Muito Boa!! Nos despedimos de forma alegre, e ela foi continuar seu passeio pela cidade.

Esse encontro foi de imensa felicidade para mim, poder conhecer um pouco sobre uma senhora de 75 anos, de um outro país, e ver que apresenta dificuldades parecidas com as nossas enfrentadas aqui, porem encarando desafios, mesmo sozinha, mostrando coragem, vitalidade e vontade de viver foi de grande valia juntamente de um grande aprendizado.

Você já pensou em fazer aquela viagem tão sonhada, sozinha (o)?

As vezes, nos sentimos sós, ou estamos sós realmente, mas será que é motivo para ficarmos em casa? Será que é motivo de não sair mais, viajar mais, continuar os encontros com amigos?

Enquanto nos sentirmos capazes, é importante ter essa vida social, ter desafios, isso nos faz muito bem, isso nos faz viver. Tente e depois me diga como foi sua experiência.

Por Juliana Mondardo, Fisioterapeuta e Especialista em Gerontologia.

“O conteúdo publicado neste espaço é de inteira responsabilidade deste autor.”

Foto: Juliana Mondardo