CÃOtidiano

Rosane Machado de Andrade

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Castração Responsável: O Cuidado que Vai Além da Cirurgia

            O programa “Pet Levado a Sério” do Governo de Santa Catarina representa um avanço importante no controle populacional de animais e na promoção da saúde pública. A iniciativa de ampliar o acesso à castração é louvável e demonstra uma preocupação crescente com o bem-estar animal em nosso estado. No entanto, sim, podem me chamar de ‘chata’, para que essa ação seja verdadeiramente eficaz e ética, é imprescindível que se olhe com atenção para as etapas que antecedem e sucedem o procedimento cirúrgico.

            Não consigo vislumbrar uma cirurgia sem a realização de exames pré-operatórios, o que considero indispensável para garantir a segurança do animal durante a castração. Assim como em humanos, cada organismo reage de maneira única à anestesia e ao procedimento cirúrgico. Exames simples de sangue, por exemplo, podem identificar condições preexistentes, como problemas renais, hepáticos ou cardíacos, que poderiam aumentar os riscos da cirurgia. Essa avaliação prévia permite ao veterinário adaptar o protocolo anestésico e tomar precauções necessárias, minimizando as chances de complicações e assegurando uma recuperação mais tranquila.

            Como protetora, asseguro que para os animais em situação de rua, a atenção aos cuidados pós-operatórios se torna ainda mais crítica. Após a cirurgia, eles se encontram em um estado de vulnerabilidade, com dor, sensibilidade e a necessidade de um ambiente limpo e seguro para a cicatrização. Acolher temporariamente esses animais, oferecendo um lar temporário onde possam receber os medicamentos prescritos, alimentação adequada e repouso, é um ato de compaixão e responsabilidade. Essa medida não apenas protege o animal de infecções e outros perigos das ruas, mas também contribui significativamente para o sucesso da castração e para o seu bem-estar geral.

            Os cuidados pós-cirúrgicos em um ambiente seguro (como nos fazem falta lares ou espaços para isso!!!!!) incluem a administração correta de analgésicos e anti-inflamatórios, a monitorização da ferida cirúrgica para identificar sinais de infecção, a restrição de atividades que possam comprometer a cicatrização e a oferta de uma dieta balanceada. Orientar os tutores sobre esses cuidados, especialmente no caso de animais adotados ou resgatados, é fundamental para o sucesso do programa e para promover a posse responsável.

            Portanto, o sucesso do programa “Pet Levado a Sério” e de qualquer iniciativa de castração em massa não se mede apenas pelo número de cirurgias realizadas, mas pela qualidade e abrangência dos cuidados oferecidos em todas as etapas do processo. Investir em exames pré-operatórios e em um sistema de acolhimento e acompanhamento pós-cirúrgico para animais vulneráveis é essencial para transformar a castração em um ato REAL de amor e responsabilidade, garantindo que esses pets tenham uma vida mais saudável e segura.

            A colaboração entre o governo, clínicas veterinárias, ONGs e a sociedade civil é fundamental para construir um futuro onde a saúde e o bem-estar de todos os animais sejam realmente levados a sério.

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