DINHEIRO MAIS CURTO

Os noticiários relacionados a economia das ultimas semanas vem focando a subida dos preços, com evidências maiores para o setor dos alimentos, onde alguns produtos estão sendo eleitos como vilões, em função de seus indices de aumento estarem assustando os consumidores.

A pergunta que mais tem sido feita nesses últimos dias é se a inflação veio pra ficar ou será sómente um surto momentâneo, com alguns produtos apresentando comportamento atípico, cada um por alguma razão específica? A resposta de fato exige que façamos uma análise mais aprofundada, tanto do cenário macro-econômico, quanto do ambiente doméstico ou do contexto do nosso dia a dia.

Estamos no outono, principalmente no sul do Brasil onde os invernos são mais rigorosos, a influência climática atinge uma variedade extensa de produtos alimentícios, que sofrem queda de produção e consequentemente redução de oferta nos supermercados, o que pressiona os preços para cima, fazendo com que os indices de inflação apresentem elevação. É o caso dos hortifrutigranjeiros, do leite e seus derivados, dos ovos, da carne, das frutas e legumes, que vem sendo citados como os grandes culpados pela perda do poder de compra do dinheiro.

Há outras razões para que o indice de preços do consumidor brasileiro esteja apresentando preocupações, não só dos consumidores, mas também de analistas do mecado financeiro, dos planejadores dos orçamentos públicos, dos empresários e também do próprio governo, uma vez que este último, através do Comitê de Política Monetária do Banco Central, vem subindo a taxa básica de juros (SELIC), mesmo diante do risco de provocar quedas no ritmo de crescimento da economia de maneira geral e patrocinar uma recessão no país, o que parece não ser o desejo do núcleo político do próprio governo.

A verdade é que, diante da atual conjuntura macroeconômica mundial, o Brasil não é uma ilha isenta das repercussões geopolíticas, onde os cenários para o ano 2025 se apresentam sombrios, com guerras (Oriente Médio e Leste Europeu), que se esperava curtas e pouco impactantes, se arrastam e hoje oferecem o perigo de se alastrarem e influenciar fortemente o comportamento econômico, além da guerra tarifária imposta pelo governo TRUMP dos Estados Unidos, que visando melhorar a reciprocidade com seus parceiros comerciais poderá frear fortemente os atuais niveis de trocas internacionais e promover um retrocesso no processo de globalização, cujas consequências são ainda desconhecidas, porém de alcance geral a todas as nações ao redor do mundo.

Apesar dos cenários desfavoráveis no ambito interno, com as contas públicas em descontrole, taxa de juros elevadas, insegurança empresarial em alta, inverno no sul chegando, mão de obra escassa, no âmbito externo quase todas as commodities apresentam queda de preços e encolhimento da demanda global, o que pode salvar o Brasil, por enquanto, de subir seu patamar de meta da inflação, hoje ainda mantida em 4,5% ao ano, com variação de 1,5 pontos para mais ou para menos, limites que vem sendo estourados para cima nos últimos anos pós pandemia, o que exige cuidados muito especiais, porém ainda possíveis de controle.

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